São Bernardo do Campo
Objetivo Profissional
Do fundo do meu coração, quero conscientizar as pessoas sobre sustentabilidade, sobre como diminuir sua pegada no mundo. Quero transformar empresas tanto estruturalmente, com projetos de ecoeficiência alinhado com a conscientização das pessoas desses locais. Desenvolvi uma apresentação/ projeto para escolas, mas, gostaria também de operar essas mudanças nos ambientes corporativos. Mas estou aflita e ansiosa, pois, apesar do conhecimento acadêmico, de vários trabalhos voluntários onde atuei, não tenho experiência e estou sentindo dificuldades de ser credibilizada, de conseguir mostrar meu projeto, de ser ouvida.
Disponibilidade para mudança:
Sim
Trajetória Profissional
Olá! Sou formada em administração (2008) pela UNIP, MBA pós-graduação em gestão estratégica de pessoas na FGV (2019) e pós-graduada em gestão ambiental pelo SENAC (12/2023). Tenho muitos outros cursos na área ambiental, inglês intermediário. Trabalhei por 24 anos em bancos, os últimos 19 no banco Itaú. Sempre fui da área comercial. Fui demitida do banco em nov/22 e acreditei que enfim conseguiria vivenciar meu propósito e atuar na minha consultoria ambiental ou na área de sustentabilidade de alguma forma e colocar os projetos que sonhava na época do banco em prática, mas, estou há 1 ano e meio estudando, escrevendo projetos sem conseguir atuar de verdade. Desde setembro, venho contribuindo com meu irmão no propósito dele. Ele é ativista LGBT, tem um canal que é o Ezatamentchy e nunca foi remunerado por isso. Em agosto ele foi demitido da agência que trabalhava e decidimos criar a agência dele. O único porjeto que tiramos do papel nesse tempo foi o Bloco de Carnaval, onde conseguimos algum investimento e uma premiação da prefeitura de SP (que até hoje não recebemos). Então, o que devemos de juros de cheque especial, já nos deixou sem nenhuma receita. Quando recebermos (sem previsão), não vai sobrar nada, aliás, vai faltar, vamos apenas tampar os buracos. Fora isso, o bloco foi demais! Conseguimos organizar tudo em 10 dias. Foi muito bom, teve até a presidenta Erika Hilton no trio!
Conheça minha história
Tenho 45 anos e trabalho desde os 14. Lembro que, quando um amigo pediu meu currículo para o primeiro banco (2000), resisti muito. Não tinha a ver com meu propósito, com meu desejo de ser livre, ser eu mesma, mas, mãe solteira, com faculdade trancada, já estava há 1 ano sem conseguir emprego, então aceitei. E daí, a gente vende a alma pro diabo... é um trabalho estável, com muitos benefícios, com salário bom, mas, num ambiente opressor, egoísta, competitivo, pesado. Como sempre atuei na área comercial, fui trilhando esse caminho, desconectada na minha essência (fiz magistério e sempre sonhei em dar aula). Mas, nunca pensei que ficaria todo esse tempo (1 ano e 1/2) sem conseguir me recolocar. Na verdade, saí do banco com um asco de ambientes corporativos, então meu primeiro pensamento foi ter minha própria consultoria ambiental. Fora um período de luto, né?! Sempre bati todas as metas e fui uma das pessoas mais competentes e solícitas da minha área. Formei todos que entraram depois de mim. Mas, trabalhei por 19 anos num ambiente extremamente masculino (financiamento de caminhões e máquinas), com um chefe ignorante, cheio de preconceitos e injusto. Eu era a justiceira do rolê, defendia meus colegas, batia de frente com ele. E sempre estive ao lado do cliente, muito mais do que do banco (era mais companheira do que banqueira, rs). Nunca tive oportunidade de crescer lá, talvez por isso. Aliás, as oportunidades existiam, mas, sempre para os "amigos do chefe", sempre para os homens, mesmo sendo mais qualificada que eles. Nos meus últimos anos no banco já estava esgotada, cansada dos assédios e das injustiças, mas, sem coragem de deixar o que era seguro, confortável e conhecido pra mim. Na época, havia muitos projetos na minha cabeça e não podia me dedicar a eles, então fui deixando pra depois. Em 2017 ganhei uma composteira. Eu já separava e destinava certinho meus resíduos, mas, a composteira trouxe meu olhar de volta para a terra. Em 2018, eu e meu marido (eu sempre idealizo e ele realiza kkk) transformamos um terreno baldio perto de casa em uma praça. Plantamos árvores, roçamos o matagal, fizemos horta, bancos e uma composteira comunitária. Foi lindo e funcionou por um tempo, até, na pandemia, mudar aos poucos o propósito do espaço. Os que se recusavam a ficar em casa, começaram a fazer churrasco, beber, deixar lixo e queimaram minha composteira. A pandemia pra mim também foi um período de repensar minhas escolhas, de reflexão, de retorno pra casa, pra essência. Em 2021 fiz um trabalho voluntario de 15 dias numa agrofloresta. Foi um dos marcos mais importantes pra mim. Nos primeiros 2 dias fiquei literalmente sem respirar. Fui perceber isso depois, de tão desconectada que estava de mim mesma. Quando no terceiro dia, me conectei com meu corpo, simplesmente respirei, simples assim. Fui muito maluco. Reencontrei a Fernanda e soube exatamente o que queira da vida. Conectar as pessoas com a natureza. Em outubro/22, comprei um sítio, iria financiá-lo, mas, incrivelmente 4 dias depois, fui demitida, então, paguei o sítio com o dinheiro da rescisão. Foi bom por um lado, mas, fiquei totalmente sem grana para esse período de transição de carreira, então meu marido que está mantendo tudo desde então, porque pensei que agora, com o sítio, era a minha hora de trabalhar com meu propósito, que foi tão difícil de descobrir, já que olho para um monte de profissão e me via em tudo. Mas continuei sem conseguir me recolocar. Então... corri também para me capacitar e entrei na pós em gestão ambiental. Quem confiaria em alguém que não tem um certificado?! Tinha certeza de que havia chegado minha hora, que estava na hora certa, mas, no lugar, ainda tinha dúvidas. Como esse lugar não chegava, me juntei ao meu irmão, como falei acima. Levamos muita canseira com promessas de patrocinadores e "amigos" dele, nos debruçamos em projetos e ideias que não foram pra frente. Mudamos nosso método e começamos a cobrar antes de criar. Então há quase 2 meses, não criamos mais nada, nenhum projeto sem um % de elaboração no começo e, adivinha... Ninguém quer! As pessoas queriam as apresentações e ideias, queriam que estruturássemos o projeto passo a passo, mas, não querem pagar por isso. Só que a falta de grana aperta, né! Fora a frustração de criar uma expectativa, de elaborar um puta projeto bacana e não ter retorno. Tenho certeza de quanto eu o ajudei a estruturar a vida, dele reconhecer sua real profissão, como idealizador e produtor social/ artístico, mas, como o dinheiro não entrava, comecei achar que era por minha culpa, de não estar no meu propósito e acabar atrapalhando o caminho dele. Então comecei a tirar o pé, até para ter mais tempo para me dedicar ao meu caminho e deixar a energia fluir pra ele. Mas, hoje tenho dúvidas até do meu conhecimento. Me capacitei de tantas formas, em tantos cursos e seguimentos (de desenho técnico, a personal organizer, de CNV a agricultura sintrópica), buscando me encontrar que nunca pensei que passaria por esse período de me sentir inútil, não pertencendo a nada, aflita e perdida, sem saber pra onde ir. Dei algumas aulas de meio ambiente como professora convidada no Senac e fevereiro e março. Foi muito legal enfim, vivenciar minha primeira formação, mas lá, precisamos ficar 4 meses sem dar aulas para não criar vínculo empregatício. Amo ouvir histórias, então, sigo nos podcasts, nos cursos, desenhando projetos, ouvindo as trilhas das pessoas e tentando me inspirar para entender a qual é a minha. Apesar de não ter certeza desse caminho, tenho enviado currículos para consultorias ambientais para adquirir alguma experiência, mas estou começando a acreditar que estou velha para ocupar um cargo corporativo (apesar de me sentir nova). Sinto que perdi tanto tempo no banco, onde eu não tinha uma profissão real, eu era bancária e só. O que um bancário é? Estou numa fase de acreditar e desacreditar, ver meu potencial e desver, de me sentir prepotente por achar que poderia ter minha empresa, ás vezes de pensar que poderia estar ensinando algo, mas, quem sou eu na sustentabilidade, já que, trabalhei mais de 20 anos no mercado financeiro?! Meus sentimentos agora, misturados com quem só estuda e, cuida dos filhos, da comida e da casa, me dizem que talvez seja pedante achar que tenho capacidade verdadeira de ensinar. Até antes de escrever aqui, pensei que poderia estar tirando a oportunidade de pessoas que precisam mais do que eu desse espaço de acolhimento e orientação, mas, será que isso também não é prepotência? Será que, o que realmente preciso é expor minhas vulnerabilidades para ser orientada? Preciso me sentir útil em algum lugar novamente, quero muito atuar no meu propósito, mas, será que eu poderia escolher? Sei que hoje ninguém está bem. O mundo tá muito doido, há muita escassez, conflitos... o dinheiro está concentrado nas mãos de poucos. Será que por isso não consigo nada? Choro todos os dias. Minha mãe diz que plantamos hoje para colher daqui um tempo. Será que ainda não plantei o suficiente? Será que hoje não poderia estar colhendo nada de tudo que trabalhei até aqui? Será que preciso continuar a me dedicar em projetos de voluntariado sem mesmo ter nenhum dinheiro para as contas? A única coisa que queria nesse momento era poder inspirar as pessoas á seguirem sua essência, aplicar meus estudos e meu conhecimento na transformação dos espaços e das pessoas, mas, nem sei mais se vale a pena encorajá-las a seguirem seu propósito, já que não estou conseguindo vivenciar o meu e na verdade, não consigo enxergar o que está faltando. Vontade não falta, mas, não basta.
Outras iniciativas da Cruzando Histórias nas quais participou: