Guarulhos
Objetivo Profissional
Gostaria de trabalhar na área de RH, telemarketing, balconista, operadora de caixa, sei que não tenho curso de qualificação mas sou dedicada e esforçada. Aprenderia rápido e logo realizaria com excelência o objetivo da empresa.
Disponibilidade para mudança:
Não
Trajetória Profissional
Meu primeiro emprego foi como auxiliar de loja onde eu organizava as araras de roupas, recolocação das roupas do provador aos seus lugares e etiquetava as roupas dentro do estoque. No meu segundo trabalhei como vendedora em uma loja de sapatos, recebia os clientes e os ajudava a encontrar seu item e escolher o melhor para ele. No meu terceiro emprego, trabalhei em uma logística na área do picking onde eu procurava entre os corredores os itens ditados em um aparelho para serem entregues aos clientes. Porém esses empregos foram curtos por serem contratos temporários. Trabalhei sem contrato e sem registro em vários setores desde cuidadora de idoso, doméstica, diarista, auxiliar de cozinha, balconista, garçonete, babá e manicure.
Conheça minha história
Contar minha história é algo dolorido para mim, mas prometo me abrir de modo que todos a quem forem ler entendam de forma clara.
Começar minha história do início seria o mais plausível então é assim que iniciarei.
Todos nascem com um propósito na vida, eu nasci sem ser desejada, nasci de uma aventura entre dois adolescentes no nordeste do Brasil. Naquela época era difícil um pai aceitar uma filha grávida, a mente era outra. E não foi diferente meu avô expulsou ela de casa porém sua irmã já casada a acolheu durante sua gestação. Ela já tinha casa própria, três filhos mas infelizmente sua filha caçula morreu com 9 meses de vida por intolerância a lactose não detectada, desejava muito uma menina pois como não imaginava essa tragédia acontecer já havia sido operada e guardava tudo de sua bebê falecida. Durante a gestação minha mãe tentou me tirar porém sem sucesso.
Logo chegou o dia de nascer, para muitos é um momento inesquecível, feliz mas, para minha mãe foi um horror ela teve eclampsia e o médico disse que não sobreviveria as duas. Fizeram a escolha que minha mãe sairia viva não eu. Mas Deus ou o destino quiseram que eu vivesse e nasci viva, o médico desenganou dizendo que eu não seria normal, não seria saudável mas estou aqui hoje com 34 anos saudável na medida do possível e normal.
Minha mãe não me quis e me abandonou com a irmã dela. Então fui adotada pela minha tia. Fui registrada como sua filha e essa história me foi escondida até os 18 anos de idade e só foi me contada porque elas brigaram e me contaram, mas pra mim independente do que eu vier contar aqui minha mãe é a que me criou (minha tia) e a outra minha tia (minha mãe de sangue).
Com 6 anos minha mãe decidiu sair de Alagoas e vir para SP em busca de uma vida melhor.
Aos 9 anos de idade meu avô morreu e ela quis ir ao enterro dele lá em Alagoas e foi, me deixando em casa com meus 2 irmãos mais velhos e meu pai.
Meu irmão do meio Elton estudava e trabalhava já tinha 17 anos, então eu não o via muito.
Meu irmão mais velho Erick era envolvido com drogas e crime não ficava em casa pois estava sempre na rua fazendo coisas erradas. Meu pai um homem bruto, ignorante e pedreiro.
Lembro de vê-lo trabalhar com cimento sem luvas, suas mãos eram grossas, ásperas, seus dedos eram inchados e secos no toque. Espero que lembrem desse detalhe.
Eu estudava no período da tarde e ele me acordou para comprar sal para temperar o bife e eu almoçar antes de ir para escola. Assim o fiz.
Quando cheguei do mercado fui direto para o quarto dele e lá havia revistas de mulheres nuas espalhadas e abertas na cama, veja bem na época de 1999 não era comum crianças terem acesso a nudez, nem a nada do tipo. Fiquei assustada eu tinha 9 anos e nunca tinha visto minha mãe e meu pai nem dando um beijo na boca, não via minha mãe nua. Fiquei sim envergonhada, mas calada.
Fui tomar meu banho, e durante o banho meu pai abriu a porta do banheiro dava para ouvir o barulho das panelas no fogo. Ele me olhava sem dizer uma palavra e eu estranhei aquele olhar de cima a baixo. Perguntei: - O que foi pai? Mas ele não respondeu, veio até mim, se ajoelhou e enfiou dois dedos dentro de mim repetidas vezes, com a outra mão ele apertava meus bumbum, aquilo doeu muito e eu perguntei: - Pai o que o senhor está fazendo? Ele me respondeu: - Tá sentindo alguma coisa? Com um olhar que hoje eu entendo, olhar de tesão.
Falei que não, ele me empurrou contra parede e disse: eu estava tentando tirar um besouro que entrou dentro de você. Senti medo e dor.
Fui para a escola e não conseguia sentar (lembram do detalhe das mãos). Minha prima mais velha estudava na mesma escola e percebeu que eu não me sentava normalmente, veio até mim e perguntou eu assustada ainda revelei que meu pai havia visto um besouro em mim tentou tirar mas não conseguiu, e provavelmente aquele besouro estava me fazendo sentir dor. Ela na hora me questionou como um besouro entraria dentro de mim? Eu não sei, respondi a ela. Ela indignada falou que eu não estava nua, como um besouro entraria em mim se estava de roupa e bem vestida, como um besouro entraria e eu não sentiria. Não sabia explicar.
Em casa a noite ela contou para minha tia que morava no apartamento da frente, ela me chamou e eu expliquei o que aconteceu. Ela falou que eu não ficaria mais com meu pai sozinha até minha mãe chegar, foi até meu pai e teve uma conversa com ele que até hoje não sei qual foi. A partir dali eu não fiquei mais sozinha com ele.
Minha mãe voltou, e minha tia conversou sobre com ela, ela conversou com meu pai e eu também não sei dizer o que pois não ouvi e nem me disseram.
Lembro de estar no apartamento do vizinho desenhando com a filha dele quando meu pai me chamou me agarrou pelo colarinho me jogou na parede e disse que iria arruinar minha vida por que eu arruinei a dele, olhei para a minha mãe que estava sentada no sofá de frente pra porta do corredor e apenas chorou e não falou nada, ele entrou e fechou a porta. Ali eu entendi o que aconteceu. Chorei e até hoje minha mãe não acredita em mim, e não toca no assunto, todas as vezes que toquei eu era a errada e dava briga, pois como ela mesma falava: - Ruim com ele, pior sem ele, eu não serei uma mulher separada nunca, ele pode fazer o que ele quiser que não me separo!
Cresci nesse lar, um pai que me olhava trocar de roupa, que quando eu dormia ficava me olhando no meu quarto, que quando eu lavava a louça ele se esfregava em mim. Minha mãe que era chingada e ridicularizada pelo marido. Um irmão que não vivia em casa, o outro que vivia para o crime.
Lembro de passar um ano sem um beijo da minha mãe, quando eu pedia ela falava que estava cansada e pedia que eu saísse, que não me faltava nada em casa e que amor não enchia a barriga de ninguém.
Com 11 anos fui conhecer Alagoas e meu primo de 16 anos me estuprou, quando amanheceu eu contei o que aconteceu mas minha mãe falou que eu "dei" por que eu quis, que eu era safada.
Com 12 anos me revoltei, odiava a minha vida, cresci cheia de traumas e problemas psicológicos onde nunca tive ajuda, eu constantemente mentia e era vista como a problemática e doente entre outras palavras horríveis que ouvia.
Comecei a namorar cedo, beber muito e vivia na rua pra fugir de casa e com isso vieram as surras. Meu namorado me traia, me batia mas eu achava normal era só caos que eu conhecia, não sabia amar e nunca fui amada. Aos meus 17 comecei a ir para igreja e sosseguei mas minha casa ainda era o inferno na terra para mim.
Passaram 1 ano e 7 meses eu estava sem aprontar nada, sem beber, sem ficar com ninguém, conheci um menino que eu não sabia q mudaria a minha vida.
Foi tão rápido nos conhecemos numa sexta feira e conversamos a madrugada toda, foi o melhor beijo que eu recebi na minha vida. No sábado ele me pediu em namoro e no domingo ele oficializou vendeu sua bicicleta e me deu uma aliança de namoro. Como assim? Ele nem me conhecia, nunca recebi isso na vida, atenção , dedicação e um amor avassalador.
Nós conhecemos, namoramos, noivamos e casamos em 7 meses. Acredito q por querer sair de casa logo, ser feliz. Ele sofreu muito também o pai alcoólatra, a mãe casou novamente e seu padastro não era um homem bom para ele. Mãe e pai negligentes onde ele quebrou o braço e ninguém o levou no médico, sua apêndice estourou e sua mãe o chamou de fresco. Também desejava sair de casa.
Eu não sabia amar, tinha problemas psicológicos sérios mas eu contei toda a minha história para ele e ele a dele pra mim. Porém por uma infeliz decisão minha o trai logo no início do casamento pois na minha cabeça ele me faria sofrer e antes que ele fizesse eu tinha que fazer primeiro. Engravidei depois de 1 ano e 8 meses de casada e queria ser exemplo para meu filho então decidi contar a verdade mesmo que eu o perdesse.
Ele me perdoou me surpreendeu, realmente eu era amada pela primeira vez. Nunca mais traí meu esposo. Nunca mais olhei para outro homem.
Mas com meus problemas mau resolvidos tratava ele com muita autoridade e cobrança, tinha medo dele me deixar então eu era uma sombra ciumenta. Não trabalhei, não limpava a casa não cuidava dele, realmente eu era insuportável e achava q ele tinha que me amar pois ele era o único que me amava.
Ele aguentou por 8 anos essa vida, e um dia me deixou nessa altura já tínhamos 2 filhos.
Julio Cesar na época com 5 anos e Maria Fernanda com 3.
Passamos 1 ano e 6 meses separados e foi um terror, ele com outra pessoa e eu perdida sem rumo e sem direção, me afundei na depressão e crises de personalidade entre outros problemas, tentei suicídio mas graças a Deus que me salvou de mim mesma.
Ele se arrependeu e voltamos, perdoei pois entendi que eu havia feito muito mal a ele por muitos anos, perdoei por que amava e amo muito esse homem.
Ele foi a única pessoa que me aceitou do jeito que eu sou, mesmo sendo uma bagunça, me amou mesmo antes de eu o amar. Era um príncipe e é ainda.
Já se passaram 5 anos que voltamos e desse nosso novo amor nasceu nossa bebê Giovanna que está com 2 anos.
Hoje aprendi a ser esposa, amar e a cuidar de casa, dos filhos e do meu marido. Mas as dores e os traumas ficaram e ainda enfrento a depressão de cara todos os dias. Ultimamente estamos enfrentando dificuldades financeiras, moramos de aluguel a 12 anos e com 3 filhos só ele trabalha, fica difícil decidir entre pagar as contas e comer.
O maior arrependimento da minha vida foi ter abandonado meu curso de auxiliar de enfermagem sinto que nasci para cuidar, estranho né mas eu sou a pessoa mais amorosa e carinhosa que conheço mesmo tendo um passado terrível. E meu segundo arrependimento que me tortura e me humilha em silêncio, me destrói e me faz não querer viver foi ter engordado. Tenho 1,73cm mais de 130kg com dois joelhos estourados me impossibilita de trabalhar no pesado ou em pé.
Uma pessoa que não tem um currículo de experiência, não tem um curso técnico, morena, de cabelos crespos, nariz largo, aparência não muito bonita e obesa não consegue oportunidade de emprego bom.
Muitos me julgam pois não trabalho em limpeza, ou serviços pesados mas não entendem que já tentei e não dou conta, sinto dores horríveis e realmente não consigo.
Então gostaria de trabalhar sentada e como conseguiria sem ter qualificação para isso? Só um milagre.
Mas preciso trabalhar cansei de mandar meus filhos dormirem para não sentirem fome, ser despejada porque não paguei o aluguel, comer porque peço comida ou dinheiro para as pessoas. Dever muito. Cansada de não poder dar uma vida digna aos meus filhos, não poder comprar roupas para eles, sapatos e até mesmo remédios. Não poder dar brinquedos ou levar para passear e principalmente dar as 3 refeições diárias para eles.
Queria muito um trabalho bom que eu aguentasse e desse conta eu sei que só preciso de uma oportunidade no emprego certo e serei uma funcionária muito boa.
Enfim esse é o resumo da minha longa história.
Essa sou eu uma mulher que já apanhou muito da vida mas aprendeu com seus erros, sofreu muito mas é gentil e amorosa, chorona também mas decidida a ser mais forte. Quero trabalhar pois meu sonho é fazer uma bariátrica e ser bonita de novo. Meu sonho é que meus filhos tenham tudo que merecem.
Não sei onde essa história vai chegar e se dará resultado mas creio que nada é em vão.
Obrigada a todos que lerem, obrigada pela atenção e tempo dedicados a ler essa longa história. Obrigada!
Outras iniciativas da Cruzando Histórias nas quais participou:
EscutAção Clicksign, EscutAção Arkema