Camila Siqueira

Meu nome é Camila Siqueira. Sou casada com o Fernando, a quem chamo carinhosamente de Gordo. Sou mãe do Pedro e da Sofia, respectivamente com 12 e 6 anos. Sou advogada há 14 anos, atuando, principalmente, no contencioso cível. Atualmente, curso o 3º semestre da faculdade de enfermagem. O fato é que, desde o 3º ano de faculdade, me vi envolvida com questões relacionadas à área da saúde, já que minha mãe foi submetida a uma cirurgia naquele ano e, por conta de algumas complicações, assumi seus cuidados. Desde então, a minha família inteira já adoeceu e eu sempre me prôpus a ajuda-los. Após alguns anos trabalhando no meu escritório de advocacia, tendo que conciliar a maternidade, os plantões no hospital para cuidar da avó com câncer terminal, a qual veio a falecer, o descobrimento da minha segunda gravidez enquanto o meu pai se submetia a um tratamento de câncer de intestino e, finalmente, o acidente vascular cerebral do meu marido, pouco tempo depois da minha filha completar 1 aninho, eu decidi encerrar a sociedade que tinha e me aventurar, trabalhando como advogada, no modelo home office. E não foi mais fácil. Eu passei a ter crises de ansiedade, engordei, fiquei deprimida e, desde então, eu travo uma batalha diária para me convencer de que sou importante para este mundo. Atualmente, mantenho poucos processos jurídicos, pois me dedido mais à loja dos meus pais, principalmente agora que o meu pai está acamado, em decorrência de um acidente vascular cerebral pós ressecção de um tumor cerebral. Na loja trabalhamos eu, meu esposo e minha mãe. Além disso e não menos importante, também sou motorista dos meus filhos, já que preciso leva-los às terapias e fisioterapias de segunda a sexta-feira (cada um no seu dia, é claro). O Pedro tem TDAH e realiza 4 terapias por semana. A Sofia ainda está na fase da avaliação neuropsicológica para saber se também é portadora desse transtorno. De qualquer forma, em meio ao caos em que vivo, eu decidi retomar os estudos, pois esse é o tempo em que sou obrigada a me dedicar a mim. Gostaria muito de realizar um dos meus projetos/sonhos que é desenvolver algo no setor de Compliance para mulheres ou mães de crianças neuroatípicas, pois é a realidade que vivo. Gostaria de ajudar mulheres que, assim como eu, se sentem pressionadas a dar conta de muitas coisas. Eu pretendo transformar essa dor e essa frustração que eu sinto por não ter chegado aonde eu gostaria em algo positivo para outras mulheres. Um sonho que, com fé em Deus, vou conseguir realizar.