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Vitrine de Talentos

Maira Germano

Contabilidade - Controladoria - Finanças

São Paulo

Sorocaba

Objetivo Profissional

Objetivo Profissional

Meu maior objetivo é assumir como Analista na minha área - financeiro, ser bem remunerada e reconhecida pelo meu trabalho.

Eu tenho a experiência, o conhecimento, a capacidade. Só falta abdicarem do capacitismo.

 

Sim

Disponibilidade para mudança:

Sim

mairagermano@live.com
Maira Germano

Trajetória Profissional

Comecei a trabalhar em 2013, e sendo PcD, ainda era cru na compreensão do que eu queria ou onde queria atuar. Então, logo para primeiro emprego aceitei o primeiro que apareceu na frente: repositora de caixa, onde eu senti e vivi a discriminação pela deficiência auditiva de colegas e chefe; 45 dias após entrar, acabou a experiência e fui mandada embora.


Em seguida, entrei num programa de capacitação de uma empresa aqui em Sorocaba, onde comecei a tomar gosto pela área administrativa; o período de capacitação durou 1 ano, e em menos de um mês eu entrei em outra empresa, como auxiliar financeira, onde fiquei por 8 meses (a empresa abriu falência, então começou a despedir de pouco em pouco, e coincidentemente, os PcDs primeiro); lá aprendi quase tudo soebre departamento financeiro, principalmente contas à pagar, controle de caixinha, alimentação de planilhas de controle de movimentações financeiras internas (custos pessoais dos donos, aquisição de ativos, etc).


No ano seguinte, comecei um estágio na área em que eu estudava, até então, Biologia, através de um concurso estadual, onde fiquei 6 meses atuando com monitoria e desenvolvimento de atividades diversas para público infanto-juvenil relacionadas com meio ambiente e conservação. E também quando comecei a despertar para a necessidade de adaptar lugares públicos, mesmo que com pouco público, para PcDs, e pude apresentar e desenvolver o projeto junto do biólogo chefe e do diretor do local; encerrei minhas atividades de estágio em 2016 ainda, em julho, e segui um ano e três meses desempregada, mas procurando estar estudando - quando ingressei em Gestão Financeira em 2017 através de uma bolsa 100% do PROUNI; por conta do desemprego, precisei desisitir de Biologia.


E em novembro de 2017 voltei ao mercado de trabalho num cargo como auxiliar contábil, onde eu auxiliava tanto na contabilidade, como no fiscal e faturamento, exercendo atividades como análise de notas fiscais, análise de movimentações de ativo e passivo, emissão de notas de devolução, venda, retorno de reparo, em contato direto também com o setor de compras da empresa. Até que em novembro de 2018, com algumas mudanças estruturais, eu passei para o departamento financeiro, onde eu tinha como função principal em conjunto com um colega e respondendo diretamente ao diretor, além de contas a pagar e a receber e todas as outras atribuições de cargo, controle de banking, alimentação de planilhas, cotações e exportações, relatórios diários de movimentação financeira, controle de caixinha, negociações e cobranças, relatórios e previsões semanais, mensais e trimestrais, entre outras tarefas.


Em junho de 2019, fui para outra empresa, onde atuei como auxiliar fiscal e de recebimento por 5 meses, expedindo invoices e notas nacionais, movimentação e alimentação de sistemas e planilhas de controle, interagindo diretamente com o almoxarifado. Passei de dezembro de 2019 até junho de 2020 sem trabalhar, até que comecei a oferecer serviços de mentoria para trabalhos acadêmicos e projetos, e análise comportamental aplicada (avaliando e fornecendo relatórios de riscos baseados na metodologia DISC).


Recentemente, comecei também a gerir mídias e redes sociais de terceiros, com criação de conteúdo, análise de insights, copywriting e storytelling, entre outros - desde 2020 como freelancer.

Conheça minha história

Eu sou filha única, e vivia com minha mãe e minha avó. Entre os altos e baixos da minha vida profissional, sempre me apoiaram mesmo sem entender muito o que eu estudava ou trabalhava, principalmente minha avó. E meu sonho desde criança era ir embora para o exterior.


Quando eu descobri a surdez, na adolescência, eu tive preconceito comigo mesma. Vamos dizer que aquilo foi um gatilho para que eu nunca aceitasse estagnar em algum ponto da vida, mas só fui aceitar usar aparelhos auditivos em 2013, quando percebi que não estava ouvindo como antes; e também ingressei na faculdade para estudar Biologia (bacharel).


Com todos os sufocos de um primeiro emprego que deixou traumas, de certa forma, eu havia aprendido a não abaixar a cabeça.

Na turma da capacitação do programa onde entrei (e estudei por um ano no SENAI), tive o choque e prazer de conviver com outras pessoas com deficiências, de diferentes idades e histórias. Ali aprendi mais uma importante lição: a não olhar as deficiências, mas as capacidades.

Quando entrei no meu primeiro emprego "decente", em 2015, eu sofri outro choque: a tal da cota das empresas para contratação de PcDs; embora meu chefe não tenha sido capacitista, assim como minhas colegas, haviam em outros setores algumas pessoas que achavam que ser uma pessoa com deficiência era uma aberração e cotas eram esmolas.


Bom, em 2016, bem no período do desemprego, coincidiu de ser chamada para o estágio, cujo concurso eu havia prestado em junho de 2015; outro choque, mas na convivência. Os colegas no geral compreenderam e foram bem receptivos comigo, mas na hora de atuar com a monitoria e desenvolvimento de atividades, o monitor-chefe (estagiário-chefe por estar mais tempo no estágio) começou a dar sinais de estar desconfiando, insinuando muitas vezes que eu não era capaz. Até que relatei para o biólogo chefe do estágio, e ele quebrou esse tabu convidando uma especialista em NBRs de acessibilidade, integrando, enfim, que a diversidade faz parte.


Apesar de amar o estágio, eu encerrei antes de completar 2 anos, assim como tranquei a faculdade de Biologia, pois ficamos sem carro e a faculdade e o estágio ficavam muito longe de casa (cidade vizinha, mas quase que impossível de ter acesso por precisar atravessar rodovias).

No final de 2016, prestei o ENEM, onde para minha surpresa, tirei uma ótima nota, o que me garantiu que em 2017, eu conseguisse voltar a estudar (sempre gostei muito de estudar), mas agora algo que fosse mais "fácil" de ser empregada, mas que eu gostava: Gestão Financeira.


No final de 2017, em novembro, quando voltei ao mercado de trabalho, já tinha minhas marcas e cicatrizes internas, mas segui firme. Agora encarando uma colega capacitista e um chefe que não compreendia muito qual era a minha dificuldade (já que eu era falante - na cabeça dele, surdez tem a ver com mudez). Bom, mais uma vez, consegui desprender mais pessoas do capacitismo que alimentavam por causa da falta de informação. Nesse meio tempo, em 2018, comecei a fazer um curso mais "puxado" de inglês, com fono no exame de proeficiência (IELTS).


Assim foi até 2019, quando sai da empresa em maio para começar em junho numa outra, "mais renomada" - meu maior arrependimento até hoje. Nessa última empresa, eu enfrentava todos os dias e via, todos os dias, o preconceito estampado na cara do chefe, dos colegas de departamento (contábil-controladoria-fiscal-financeiro), e quando menos esperava, me colocaram para fazer uma função que não condizia com o cargo: de entregar recados entre os departamentos, Mas isso não foi colocado no meu histórico, pois quando me formei, ao apresentar o diploma, vi o desdém estampado na cara da chefe do RH e também do meu chefe, e em um mês, me demitiram sem justa causa (dei graças aos céus pra falar bem a verdade, eu estava ficando doente lá).


Segui buscando emprego, até que no final de fevereiro, minha mãe sofreu um infarto. Pra ser mais específica, uma parada cardíaca e 3 infartos seguidos. Como filha única, a responsabilidade de estar com ela recaiu sobre mim, obviamente, e não reclamo. Porém, minha avó estava então com 90 anos, com claros sinais de que a demência tava levando o "eu" dela. Certo, parei curso de inglês, acompanhei minha mãe, precisei MANDAR meu tio ficar com minha avó nesse período que fiquei no hospital. Foram 18 dias dormindo 3 ou 4 horas por noite, olhando assustada para o monitor, ouvindo os choros e me alimentando mal pra caramba. Pelo convênio dela ser estadual, não havia recursos aqui na cidade, então a mandaram para São Paulo. 18 dias numa poltrona dura, sendo que 16 desses, ouvindo enfermeiros e plantonistas da UTI conversando "que talvez ela não aguentasse". Eles sabiam que eu usava aparelhos auditivos, então meio que acharam que eu os tirava para dormir (normalmente sim, mas lá eu não tirei um dia sequer).


Enquanto acompanhava minha mãe, coordenava a vida aqui em Sorocaba: meu tio revezava com uma amiga nossa nos cuidados com minha avó (12/12), e nos cuidados dos meus bichos (eu estava morrendo de saudades, eles são minha vida).


Enfim, quando minha mãe recebeu alta (após colocar o marca passo), 2 dias depois, foi decretado pela OMS a pandemia. Minha mãe em convalescência, minha avó com a demência claramente tomando conta dela e ela sem entender nada, e continuei a dormir pouco, até que conseguimos que uma prima nossa, que é geriatra, fosse dar uma olhada na minha vó, e confirmando a demência, prescreveu a medicação certa pra ela.


A medicação deu certo? Deu. Mas começou outro problema: ela começou a sentir muitas dores nas pernas, e as varizes claramente tomando conta da perna dela, e ela não repousava; até que romperam algumas, e precisamos, mais uma vez, nos desdobrar - mas agora no nível pandemia: máscaras, tentar fazer minha avó ficar com a máscara, ela surtando, médicos olhando com cara feia... Assim que ela recebeu alta, eu chamei meu tio e falei pra ele "vamos mudar de casa, e preciso que você ME ajude um pouco, eu não durmo mais que 4 horas há mais de 2 meses" - que me acarretou muita enxaqueca, ansiedade e terror noturno até hoje.


Na mudança, eu e minha mãe topamos com outra dificuldade destravada: minha avó não podia mais andar, senão abria o ferimento das varizes e ela perderia sangue pra caramba.


Outra corrida. Cama hospitalar, cadeira de rodas, cadeira de banho, curativos, novas medicações, ferimentos de repouso (escaras). Assim foi por 10 meses, de junho de 2020 até final de abril de 2021, quando ela descansou com seus 92 anos e 1 mês e meio. Ficamos com ela até o fim, o último suspiro, literalmente.


Com isso, outro desafio: aprender a retomar a vida.


Não nego que contando sobre isso eu estou chorando, às vezes parece que foi ontem, às vezes parece que ela tá chamando a gente no quarto.

De um lado, minha mãe começou a convalescer finalmente pelo marca passo. Eu comecei a dormir mais que 5 miseras horas por noite, os bichos aqui em casa também sentiram a perda; todos deprimidos e se consolando. Aos poucos foi passando, dando lugar pra saudade. Um pouco de desespero às vezes. Meu tio sentindo a culpa, um pouco de remorsos por não ter dado mais atenção pra minha vó. Minha mãe fica até hoje procurando se fez algo errado, se erramos em alguma coisa nos cuidados. Eu costumo cheirar meus bichos (4 cachorros e 1 gata), como forma de me distrair, mas às vezes o peito aperta.


Mas voltando um pouco pra 2020, quando nos mudamos, comecei a prestar mentoria pra 2 amigos que estavam desesperados com o TCC, e comecei minha pós. Então eles foram espalhando, e desde 2020 ajudei mais de 20 pessoas. Projetos e análises eu comecei a fazer para uns comerciantes locais, aqui no bairro. No começo era forma de distração, mas peguei o jeito.


Quando entrou 2021, no começo do ano, comecei a namorar - virtualmente -, o que também me ajudou muito quando minha avó partiu. Ele não desisitiu, nem eu, e estamos até hoje. Talvez por causa dele a gente tenha conseguido segurar as pontas depois da minha vó. Mesmo que por vídeo e ela sem saber o que ou quem era, eles se conheceram. Lembro dela me perguntando "quem é??".


Então, ano passado eu descobri também cursos online gratuitos, e como não pude finalizar minha pós por falta de dinheiro, e todo dinheiro que entra aqui em casa é para sobrevivência, passei a estudar esses cursos; no começo como distração, depois comecei a levar mais a sério.

Até certificação de coaching eu tenho. Cheguei a tentar prospectar, mas sou péssima em prospectar. E também não sei em que nicho eu atuaria.

Enfim, novamente, eu continuo estudando dessa forma. Do final do ano pra cá, comecei a dar mais atenção para gestão de mídias e redes também.


Uma prima da minha mãe precisava que alguém a ajudasse com isso, com criação de conteúdos e insights, e eu me ofereci. Acabei pegando gosto e agora estou finalizando um curso de Copywriting (mas descobri que eu já fazia isso sem saber).


Terminei meu TCC, mas ainda não o enviei pois preciso acertar financeiramente a faculdade (pós em Finanças e Estatísticas).

Gosto muito de escrever, e com todos esses anos de "experiência" como PcD, criei também uma página no instagram (@pcdeagora), onde costumo empurrar goela abaixo umas verdades inconvenientes que quase ninguém tem coragem de falar.


Uma coisa que me irrita profundamente é que não consideram PcDs pra vagas home office, como se nós fossemos uma espécie ultraresistente e não corresse risco de pegar COVID-19 (que aliás, se eu pegar, minha audição pode piorar por ser neurossensorial e esse vírus e suas variantes serem extremamente debilitantes).


Eu tenho uma ambição que não é tão secreta, que é de lutar pelo anticapacitismo e pela noção de integração nas empresas (incluir, até o SERASA inclui a gente). De comprar essa briga, mas eu preciso voltar a trabalhar antes, acertar minha vida (e umas contas em aberto, como da faculdade de pós).


Enfim, essa é minha vida, minha história (que tentei resumir ao máximo, mas cada detalhe que citei aqui faz parte de mim).

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Outras iniciativas da Cruzando Histórias nas quais participou:

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