Gisely Nascimento
"Se você me perguntar o que eu mais amo no meu trabalho, tenho a resposta na ponta da língua: criar e organizar ações que fazem as pessoas se sentirem valorizadas! Busco oportunidades na área administrativa"
Gisely Nascimento, 35 anos, Caçapava, SP
"Desde pequena eu entendi que a educação seria o meu caminho para conquistar a minha independência. Criada pelos meus avós, com uma educação bem rigorosa à moda antiga, eu não podia fazer muitas coisas como as crianças da minha idade. Então, ao invés de estar na rua correndo, eu aproveitava meu tempo para estudar por conta própria. Aos sete anos, por exemplo, eu já frequentava a biblioteca da escola. A música entrou na minha vida também de forma muito especial. Era como se ela suprisse algumas ausências e me nutrisse de alegria e realização.
Cresci sempre muito envolvida nos cursos, grupos e orquestras que eu participava. Isso me fez desenvolver muito do que eu sou hoje em dia. Aos 17 anos, por exemplo, coloquei em prática o meu primeiro piloto de empreendedorismo na área de projetos culturais e educativos! Tudo começou a partir de uma sugestão que fiz para a orientadora do Pólo do Projeto Guri, em minha cidade. Eu participava da Orquestra e tive a ideia de fazermos uma homenagem aos professores, no Dia do Professor. E fui atrás de tudo: consegui alguém para fazer o arranjo da música, organizei os ensaios, e, no dia, realizamos uma homenagem emocionante com a plateia cheia!
Nessa mesma época, eu estava estudando meus cursos técnicos, em Mecânica Industrial e em Administração, e tive, a partir de uma conversa com um amigo, a iniciativa de promover a música erudita para os alunos do nosso colégio. É que eu percebia que eles não tinham acesso à essa cultura! Então, consegui autorização do diretor, produzi a participação de músicos do conservatório, e, ainda, conquistei a presença especial de um violinista italiano recém-chegado a São Paulo. Dessa iniciativa, nasceu o meu evento batizado de “Semana da Música”! Deu tão certo que organizei três edições! Também fui a responsável pela revitalização da biblioteca da escola, que ganhou nome, puffs e um ambiente muito melhor para os alunos até hoje.
Gosto de olhar para essas iniciativas como legados que deixei e, também, como reflexo da atenção que tenho aos detalhes. Isso ficou ainda mais evidente nos meus próximos trabalhos. Quando chegou a época do vestibular, ingressei na faculdade de Gestão de Recursos Humanos e, em seguida, fiz duas pós-graduações, em Gestão de Projetos e Gestão de Cultura.
Desde então, passei por experiências que tenho o orgulho de contar: fiz estágio em um posto de atendimento ao trabalhador. Trabalhei como arquivista e suporte à administração na Socem - Sociedade de Cultura e Educação Musical de São José dos Campos, também como arquivista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Essa última foi uma passagem mais curta, mas me ensinou tanto! Foi nessa experiência que saí da casa dos meus avós pela primeira vez e fui sentir na pele o crescimento e a maturidade necessárias para me virar sozinha! E descobri que eu dou conta!
Isso me fez aceitar a oportunidade como assistente administrativo na Orquestra Sinfônica Brasileira no Rio de Janeiro, em 2019, outro capítulo muito importante da minha história! Lembro-me do quanto tremia, dos pés à cabeça, na rodoviária carioca, achando que não teria coragem de morar por lá sozinha. Quem diria? Eu vivi um dos meus melhores anos, tanto na área profissional quanto pessoal!
Cheguei à equipe disposta a agregar e construir uma atmosfera acolhedora e cuidadosa. E coloquei em prática o que eu tanto acredito: a importância da atenção aos detalhes! Foi assim que participei do projeto para comemoração dos aniversariantes do mês, criei uma forma simples de homenagear os músicos no Dia do Músico, organizei cafés da manhã para integração da equipe. Tudo isso refletiu de maneira muito positiva no clima do trabalho! É que acredito que, para além das funções administrativas e burocracia do dia a dia, é importantíssimo promover ações que valorizam e levam alegria ao time!
Infelizmente, junto com a pandemia, em agosto de 2020, vivi meu desligamento. Voltei para Caçapava e daqui estou em busca de emprego, tanto nos arredores, quanto na cidade do Rio de Janeiro, para onde eu adoraria voltar! Hoje, divido a minha rotina entre buscar emprego, estudar inglês e espanhol e trabalhar como voluntária. Estou como coordenadora de recursos humanos em um projeto social.
Busco uma oportunidade na área administrativa e estou aberta para todos os setores, e ficaria mais feliz ainda se conseguisse um trabalho no terceiro setor! Como você já deve ter percebido, eu gosto e pratico esse olhar humanizado na gestão de empresas e pessoas e acredito que tenho muito para somar e aprender!"
Em entrevista para Lígia Scalise