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Tamires Fernandes

Tamires Fernandes

"Usei o isolamento social para repensar a minha trajetória e resgatar o caminho que quero construir. Busco vagas na área de projetos socioeducativos!"


Tamires Fernandes, 30 anos, Natal, RN.


"Muita gente fala sobre ter um propósito profissional. Eu questionei muito sobre isso nos últimos anos. Já achei que ter um trabalho estável e um bom salário seriam o suficiente. Mas, toda vez que me desconectei do que eu realmente acreditava, senti um incômodo muito grande dentro de mim. Uma inquietação que veio ainda mais forte nesse ano de 2020. Junto com a pandemia, a empresa para qual eu trabalhava parou por tempo indeterminado. Senti que tinha chegado a hora de encarar meus incômodos e entender de vez qual é o caminho profissional que quero construir. Precisei revisitar minha história para encontrar respostas.


Sou filha de pais separados e lembro da preocupação da minha mãe em encontrar um lugar que oferecesse um bom suporte emocional e educacional para mim e minha irmã. “Que tipo de filhas vou deixar para o mundo?”, era a premissa dela. Hoje eu agradeço por essa preocupação. Foi assim que nos aproximamos de uma associação de filosofia Humanista, a Soka Gakkai, que tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento da paz, cultura e educação para criação de valores humanos.


Cresci no meio de outras crianças e jovens, recebendo todo o suporte que eu precisava nos encontros e grupos semanais. Aquilo funcionou como um verdadeiro ninho e escola pra mim! Entendi a importância de me dedicar aos estudos, além de zelar pelos meus pais e cultivar grandes sonhos. Foi através dessa associação que também pude fazer cursos e treinamentos, que hoje me servem como bagagem pessoal e profissional. Tive a oportunidade de descobrir, por exemplo, que gosto e sou muito boa em organizar eventos, coordenar os bastidores, recepcionar as pessoas e atender a todos os detalhes que constroem um grande evento.


Sempre gostei da sensação de ser responsável e de administrar todas as coisas. Não é à toa que eu era uma criança que amava brincar de escritório, sentada atrás de uma mesa de ferro, cheia de gavetas, em meio aos papeis de recibos que comprava na lojinha da vizinha. Aos 16 anos, consegui uma bolsa para cursar Técnico em Administração e, inclusive, conquistei um emprego nesse curso por me destacar como boa aluna. Já na época da faculdade, cursei Comunicação Social, e trabalhei no Banco Santander, passando de temporária à tão sonhada efetivação, me destacando na área administrativa e operacional.


Ter um emprego que me oferecia segurança e bom salário era algo muito importante, mas, após o fim da faculdade, eu senti que tinha algo desencaixado. Faltava algo. Segui meu instinto e sentimento, pedi demissão e fui me especializar na área da Educação. Minha decisão estava também conectada com o prazer que descobri ao trabalhar no meu projeto de final de curso da faculdade sobre “Como promover educação através da comunicação com projetos socioeducativos”. Quis me especializar e engatei uma pós graduação em Cultura e Meios de Comunicação.


Foram alguns anos dedicados à vida acadêmica e trabalhos voluntários coordenando projetos na área, até que a necessidade financeira apertou. Aqui vivi a fase mais perrengue da minha vida! Sem conseguir emprego na área em que estava estudando, comecei a me oferecer como freelancer de edição de imagens e vídeos, ao mesmo tempo que passei a vender cosméticos, para me ajudar a pagar contas. Me perdi completamente da conexão com o trabalho, só pensava em como resolver as dívidas que se acumulavam, além de crises de depressão e de ansiedade.


No meio disso tudo, surgiu a oportunidade de me mudar para o Rio Grande do Norte, acompanhando meu companheiro em uma oportunidade de trabalho para ele. Topei, sem saber o que estaria à frente. E esse foi um passo muito importante porque, com a mudança, me conectei ainda mais  com o meu trabalho voluntário na Soka Gakkai e me tornei líder do núcleo feminino jovem do estado do RN. Também fui convidada para ser interlocutora da Universidade Soka do Japão aqui no estado, no acordo firmado com as Universidades Federais do Nordeste. Era meu propósito despertando outra vez!


Em paralelo, consegui um emprego na área administrativa de uma loja e dei o meu melhor! Voltei para o mercado, acreditando mais no meu potencial. Depois de dois anos, sendo promovida por três vezes, pude saldar minhas dívidas, adorar o ambiente e as pessoas, mas também reconheci aquele velho incômodo dentro do peito, que me diz quando estou trabalhando por segurança, mas desconectada de algo. Veio a pandemia e decidi que era hora de conhecer meus incômodos para me conehcer de verdade!


Investi em terapia, me lancei em uma consultoria de carreira, fiz muitos cursos on-line nas áreas de criatividade, educação, empoderamento feminino, novas tecnologias e me conectei com pessoas que buscam esses mesmos valores como construção de carreira. Foi assim que também enxerguei como o Brasil é rico em pessoas que acreditam no poder transformador da educação, assim como eu! 


Tempos atrás, quando eu pensava em propósito profissional parecia que era algo tão grande e tão distante. Mas, finalmente entendi que tem a ver com trabalhar com aquilo que conecta com nossos valores! Minha resposta sempre esteve muito perto de mim: eu quero trabalhar com transformação através da Educação. Sim, a Educação, essa mesma que me transformou!


Já desviei do meu caminho algumas vezes, por medo ou necessidade de segurança, mas, aqui estou determinada: busco oportunidades em gestão de projetos socioeducativos! Tudo está claro pra mim, eu sei exatamente o que quero e como posso ser útil! Então, aproveito esse espaço para dizer: estou à disposição e tenho muito a aprender e oferecer!


Em entrevista para Lígia Scalise

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