Carapicuíba
Objetivo Profissional
Trabalhar com mulheres vítimas de violência doméstica, adictos e adultos em situação de vulnerabilidade social.
Disponibilidade para mudança:
Não
Trajetória Profissional
Já fui secretária em uma marcenaria, auxiliar de limpeza em um padaria, gerente comercial na minha microempresa e atualmente sou cuidadora social em um SAICA (Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes).
Conheça minha história
Me chamo Lilian, 36 anos, mulher negra. Quando conto um pouco da minha história, dizem que tenho que escrever um livro. Só quero servir de motivação pra outras pessoas. Só depende de você a mudança. Bora lá,afinal 36 anos é muita história (risos).
Desde meu nascimento fui rejeitada pelos meus pais que queriam ter um menino. Aos três anos, meu pai faleceu ficando apenas eu e minha mãe. Na creche, aos cinco anos,fui molestada. Minha mãe sem entender, me espancou, ficando marcas no meu corpo até hoje. Fui abusada pela minha avó, meu tio e meu primo que tiraram minha virgindade aos seis anos. Me aflorei sexualmente falando, minha mãe procurou ajuda psiquiátrica, psicológica e nada adiantou. Aos 12 anos ela me deu a opção de voltar pra religião dela ou ir embora de casa. Optei por sair de casa. Fiquei em situação de rua, começei a me prostituir, usar maconha.
Aos 13, fui trabalhar em uma boate. Lá conheci a cocaína e meu primeiro marido. Ele com 34 anos e eu com 14 anos. Fomos para Bahia e lá começou o meu primeiro relacionamento abusivo: apanhava, passava fome, agressões psicológicas. Engravidei e com dez meses da minha filha, ele tentou matar ela nos meus braços. Voltei para São Paulo e voltei para a prostituição. Engravidei novamente. Durante essa gravidez conheci o crack. Fazia uso de 100 a 150 pedras de crack em todas as minhas 5 gravidezes, com exceção da primeira.
Me relacionei sempre com agressores, fiz uso de serviços de Albergue familiar, abrigos para mulheres de violência doméstica, mas tudo tem que ter um fim. Perdi a guarda de três filhos meus e estava grávida. Minha bebê seria levada para um abrigo também. Fiquei com ela apenas 10 dias no hospital. Um ano e um mês sem meus filhos. Foi sofrido, mas de aprendizagem e renascimento. Me libertei das drogas, casei, abri uma microempresa, fui ungida como Pastora, mas não era isso que eu queria.
Quero que outras pessoas que passaram por isso que eu passei vejam que tem solução,
que nem tudo está perdido. Terminei meus estudos, prestei Enem e passei. Hoje estou no primeiro semestre de Serviço Social. Trabalho em um Saica (Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes).
O que foi motivo de dor no passado, hoje é motivo de força e de empatia. Mas tenho muito mais pra fazer e ajudar muitas pessoas através da minha história de vida.
Bom, esse é um pequeno resumo de tudo. Deus abençoe a todos.
Outras iniciativas da Cruzando Histórias nas quais participou: